Synopsis
Emerson and his friend Thacle kidnap Henrique, a famous brazilian filmmaker, in order to get his help in the making of a movie on their home island.
2018 ‘Ilha’ Directed by Ary Rosa, Glenda Nicácio
Emerson and his friend Thacle kidnap Henrique, a famous brazilian filmmaker, in order to get his help in the making of a movie on their home island.
내 얘기를 찍어줘, Остров
Gostaria muito de conversar sobre esse filme com as pessoas, sobre uma sensação de importância e de grandiosidade que me trouxe. Estaríamos esperando por ele há muitos anos? Ele parece carregar muito mais existências do que as dos seus protagonistas. Emerson, Henrique, a mãe de Emerson, a mulher que foi linchada que tem o nome importantíssimo e que não lhes direi aqui. Todas essas pessoas carregam um país em uma singularidade arrasadora. Há um Brasil e um particular do lugar e daquelas experiências que se articulam e compõe uma obra que para mim será marcante do nosso tempo e de todos os tempos do nosso cinema. Novamente a dança que se refere as nossas matrizes africanas está aqui e reencanta um universo triste, marcado, em recuperação, em construção de um presente e de um futuro. Triste bahia reencantada. Que filme! Que filme! É de coisas assim que tiramos força. Força que vem sabe-se lá da onde.
porque sonhos não envelhecem.
Tão cru, bruto. Definitivamente um filme de escolhas. Não sei se gosto de todas elas, mas elas conquistam o direito de existir. Aliás, o filme que luta pelo direito de elas existirem, de si mesmo existir, pelo direito de se fazer o que quiser, como quiser. Usar as críticas que optar, na roupagem simbolista que quiser colocar - seja jogando na cara, seja nas entrelinhas. Nos grandes momentos, nos pequenos gestos, na atuação. Ouvia Clube da Esquina nº 2 10 vezes por dia uns meses atrás, mas, por algum motivo, só gostava da versão instrumental e não ouvia a versão com letra - até ver o filme. Obrigado, Ilha.
"Esse filme é dedicado às meninas e aos meninos que escolheram o cinema, mas que não foram escolhidos por ele"
O primeiro encontro com Ilha é assustador. Trata-se de uma cena dada ao dispositivo, com metalinguagem arriscada e mise-en-scène frouxa. Quando há o corte para a segunda sequência, já com a câmera fixa e uma distância considerável de seus protagonistas e com sarro da linguagem, é compreensível o risco que o filme tomou para si. E assim será até o seu fim. Ilha é uma parabólica muita arrojada sobre o cinema. E mais especificamente sobre o cinema baiano.
Se Café com Canela (2017), filme anterior de Glenda Nicácio e Ary Rosa partia do controle formal como comentário social, Ilha vai a outro extremo; vai de Glauber Rocha a Roberto Pires, de Edgard Navarro a Sergio Machado e Gardenberg, nomes do…
Fui assistir ILHA na intenção de ver o vídeo da participação de Juliano Gomes e Tatiana Carvalho na mesa Olhares Negros no cinema, onde Juliano usou o filme para fazer observações no campo. Começa em 02h06min: www.youtube.com/watch?v=c6cMVp7DYoQ&feature=youtu.be&ab_channel=LetrasPUC-Rio
Vocês podem assistir ao filme nesse site: www.correio24horas.com.br/noticia/nid/ary-rosa-e-glenda-nicacio-a-dupla-que-dirige-a-ascensao-do-cinema-do-reconcavo/
Abaixo, a minha experiência. Antes de ver o vídeo.
Respira, esquece tudo, e vai. Se concentra, deixa de fora os ditames, as regras, a convenção, mergulhe na água que queima e que afasta. Vai e faz. Mas faz com gosto, tesão, por fazer, por vontade própria e com sentido maior, ou mesmo sem sentido. Apenas faz.
Assim como meu colega Breno disse na review de Até o Fim, complemento com esse paragrafo acima, sobre o…
A dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio, depois de estourar com Café com Canela (que já apareceu aqui na página), realizou Ilha, um filme diferente, ousado, que toma como objeto a própria ação de fazer cinema. Na história, um célebre diretor de cinema baiano é sequestrado por um aspirante a cineasta que quer, com a ajuda do veterano, realizar um filme sobre sua vida. Isolados na ilha natal do sequestrador, local que parece prender para sempre todos que lá nasceram, os dois vão desenvolvendo uma relação, primeiro artística, depois pessoal. O filme que realizam mistura documentário, filmando a situação em que se encontram e as discussões fílmicas que travam, e encenações baseadas na infância do captor, revivendo a relação dele…
“... E os sonhos não envelhecem...”
Interessante como o filme ganhou maior dimensão na revisão. Particularmente eu tinha achado controversa o exagero da metalinguagem entorno da narrativa. Revendo ao filme, eu me conectei mais a proposta, por mais trucagem que possa parecer - e é. Porém, a dupla de cineastas apresenta um domínio ímpar sobre sua mis en scene.
Troca-se a narrativa do afeto e ancestralidade entorno de um comentário social no longa anterior, pelo peso do Cinema entorno da construção de um indivíduo, uma sociedade e uma identidade nacional -cinematográfica e cultural.
Poderia soar como mera declaração de amor ao cinema, contudo Glenda Nicácio e Ary Rosa sabem como poucos gerar afeto. Um alento de como o cinema merece ser estudado, visto e vivido.
O primeiro longa da dupla, "Café com Canela", ganha o espectador pela maneira carinhosa como cuida de seus personagens, quase como se conseguisse materializar os gestos afetuosos entre eles. E isso tomando uma série de decisões cinematográficas que poderiam (mas não acontece) se sobressair à espontaneidade que funciona tão perfeitamente ao filme. "Ilha" inverte bastante essa lógica. O filme é puro artifício desde a primeira cena. Assume seu jogo de metalinguagem e o defende até o final. Brinca com o cinema explícita e deliberadamente. Muitas vezes, o esquema não funciona tão bem e a espontaneidade que cativa tanto no longa anterior, se perde. Mas os diretores revelam muita ousadia em seu método e encontram um bom par de vezes momentos genuínos. A dúvida de se "Ilha" era realmente um bom filme me perseguiu até o final da sessão, quando a sequência que encerra o longa revela muito de onde o filme nasceu e os riscos fizeram bastante sentido.